AGOSTINHO DE HIPONA
ARTIGO ORIGINAL
XAVIER, Erico Tadeu [1]
XAVIER, Erico Tadeu. Agostinho de Hipona e a história do cristianismo: breve estudo de sua vida, influência e teologia. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 05, Vol. 01, pp. 25-40. Maio de 2019. ISSN: 2448-0959
Palavras-chave: Agostinho, Teologia, Cristianismo.
INTRODUÇÃO
Na história do Cristianismo muitos filósofos, historiadores e teólogos se destacaram pelos seus ensinamentos e interpretações das Escrituras e da visão filosófica a respeito de Deus e da vida. Agostinho de Hipona é um dos teólogos filósofos que influenciaram a teologia cristã expondo de forma filosófica e teológica as questões que inquietavam sua alma e que percebia como dilemas morais e intelectuais presentes na sociedade. Sistematizou a doutrina cristã utilizando-se do enfoque neoplatônico. Sua busca em desvendar os mistérios da fé passava pela interiorização refletindo a necessidade de obter o conhecimento de Deus tendo por finalidade alcançar a fé, base na qual fundamentou suas investigações.
Este trabalho não tem o propósito de analisar a teologia de Agostinho, todavia, apresentar o seu pensamento à luz dos seus escritos visando extrair algumas lições para os dias atuais.
AGOSTINHO: VIDA, CONFISSÕES E MORTE
Aurélio Agostinho (em latim Aurelius Augustinus) nasceu em Tagaste, Numídia (atual Suk Ahras, Argélia), norte da África, em 13 de novembro de 354. Filho de Patrício, oficial romano pagão convertido ao cristianismo pouco antes de sua morte, e de Mônica, cristã devota. Teve um irmão, Navígio, e uma irmã, Perpétua, a qual se tornou freira (CHAMPLIN, 1995).
Estudou em sua cidade natal e, posteriormente, em Madaura e Cartago. Sua educação incluiu gramática e aritmética, bem como profundo conhecimento da literatura latina, destacando-se na retórica; contudo, odiava o grego, tendo dessa língua adquirido pequeno domínio. Tinha paixão pelo teatro. Segundo Champlin (1995, p. 78), “sua formação e meio ambiente pagãos influenciaram adversamente a sua formação”.
Durante a juventude e o início da vida adulta, Agostinho se entregou a uma vida desregrada e promíscua, tendo se juntado aos 17 anos a uma concubina com quem viveu alguns anos sem se casar por oposição de sua mãe Mônica, de cuja relação resultou um filho, Adeodato, em 371 (GONZÁLEZ, 2005).
A leitura da obra de Cícero, Hortênsio, fez com que se voltasse para o maniqueísmo (seita agnóstica) e posteriormente para o ceticismo. Tornou-se professor de retórica em Tagaste (373-374) e em Cartago, onde permaneceu por nove anos. Mudou-se para Roma, fundando uma escola similar, em 383, e para Milão, em 384, sendo então seguido por sua mãe, que tinha interesse em seu progresso profissional e em trazer de volta ao cristianismo o cético Agostinho. Em Milão recebeu a influência da filosofia neoplatônica convencendo-se da existência de um Ser transcendente imaterial e obtendo uma nova compreensão do problema do mal. Nesse período conheceu e impressionou-se com os sermões do “bispo Ambrósio (c. 339-397), considerado o maior orador sacro da antiga igreja latina” (MATOS, 2008, p. 83).
A influência de um ensino rigoroso por parte de sua mãe e das leituras platônicas que invocavam uma vida de renúncia e contemplação, aliada ao convencimento que Ambrósio lhe passava, de que suas objeções à fé cristã não eram válidas, angustiavam Agostinho, que sabia ter descoberto a verdade com o intelecto, mas sentia não poder se dedicar a ela de coração. A conversão de alguns homens importantes, bem como de um de seus autores platônicos favoritos, o fez clamar a Deus por mudança (GONZÁLES, 2005).
Nesse momento, estando ele no horto de Milão, ouviu uma voz de criança que repetia a frase: “tolle, lege” (toma e lê). Percebendo como uma mensagem do Alto, abriu um livro de romanos que havia deixado sobre um banco e leu o capítulo 13:13-14, tomando então a decisão de tornar-se cristão. Abandonando a carreira pública, foi batizado por Ambrósio em Milão, juntamente com seu filho Adeodato, na Páscoa de 387 (MATOS, 2008).
Após a morte de sua mãe Mônica, retornou a Tagaste, onde vendeu grande parte de sua herança distribuindo aos pobres, conservando uma casa que foi transformada em uma comunidade monástica onde vivia com seus amigos monges. Embora não pretendesse tornar-se padre, após a morte de seu filho Adeodato, com apenas 19 anos, o bispo de Hipona o constrangeu a ser ordenado sacerdote em 391 e, em 395-396, foi ordenado bispo auxiliar de Hipona, tornando-se bispo da diocese. Conforme Champlin (1995, p. 78), Agostinho “mostrou ser um hábil administrador, pregador, polemista, correspondente e, acima de tudo, autor, cujos escritos exerceram vasta influência em sua época, como até hoje o fazem”.
Após 40 anos como bispo de Hipona, durante um episódio de cerco à cidade pelos vândalos, em 28 de agosto de 430, Agostinho faleceu, repousando seu corpo na cidade de Pávia, na Itália. Embora os vândalos tenham destruído toda a cidade de Hipona, a catedral e a biblioteca de Agostinho foram deixadas intactas.
CONTROVÉRSIAS AGOSTINIANAS
Na obra teológica de Agostinho são perceptíveis elementos controversos que envolvem os conceitos e ensinos dos maniqueus, dos donatistas, dos pelagianos e dos pagãos, que requereram respostas filosóficas e teológicas para defesa do rebanho e da fé cristã. Conforme destaca Aquino (2008, p. 15), Agostinho “combateu com grande capacidade as heresias do seu tempo, principalmente o Maniqueismo, o Donatismo e o Pelagianismo, de Pelágio, que desprezava a graça de Deus”.
MANIQUEÍSMO
O Maniqueísmo (Mani) foi a primeira das doutrinas filosóficas a que Agostinho recorreu em busca da verdade, ainda jovem.
Esta era uma doutrina dualista segundo a qual há dois princípios ou substâncias que se misturam na terra e na vida terrena: o princípio do bem e o princípio do mal. O princípio do bem se revelou em profetas como Zoroastro, Jesus e Mani. A perfeição consistia em separar-se de tudo que fosse expressão do princípio do mal mediante um ascetismo tal que, em casos extremos, levava a morte por inanição. (GONZÁLES, 2005, p. 25).
Contra os maniqueus Agostinho dirigiu a maioria de suas primeiras obras, após sua conversão ao cristianismo. Embora tenha seguido e defendido as doutrinas maniqueístas antes de se tornar cristão, agora as rejeitava abertamente. Mesmo porque, segundo explica Gonzáles (2005, p. 26), Agostinho nunca passou de um simpatizante entre os maniqueístas, sem grandes comprometimentos, tendo, porém, chegado a pensar “que o maniqueísmo oferecesse uma interpretação racional do mundo e da vida – especialmente com relação ao problema da origem do mal”.
Contudo, não encontrando respostas efetivas em Fausto e decepcionando-se com o maniqueísmo, o agora cristão Agostinho passou a combater essa doutrina, desenvolvendo duas importantes doutrinas contrárias: a compreensão da origem do mal e a doutrina do livre arbítrio.
Sobre a origem do mal, os maniqueus afirmavam que este provém do Reino das Trevas, que é tão forte quanto o reino de Deus. Agostinho argumentava a favor da bondade do mundo criado afirmando que o mal não era uma coisa ou um poder, e sim a ausência do bem. Tomando Paulo como referência, dizia que o mal é produzido porque abusamos da boa dádiva da liberdade de forma pecaminosa, o que resultou no pecado original, uma tendência herdada para a vontade própria e a obsessão pessoal (McDERMOTT, 2013).
Quanto ao livre arbítrio, Agostinho explica que o ser humano, tal como os anjos, possuem liberdade para determinar sua própria ação e definir, assim, sua escolha entre fazer o bem ou o mal. O ser humano usou essa liberdade para separa-se de Deus, empregando-a para o mal e gerando, desse modo, o pecado, mas todos podem se aproximar de Deus, se escolherem deixar o mal e dedicarem-se à contemplação de Deus (GONZÁLES, 2005).
DONATISMO
Contra os donatistas (Donato) Agostinho travou a segunda grande controvérsia teológica. Os donatistas eram cristãos que formaram um movimento que se opunha ao retorno dos bispos arrependidos ao ministério depois de ter renunciado à fé durante as grandes perseguições dos romanos. Afirmavam estes que essas pessoas haviam se curvado diante de ameaças de perseguição e por isso eram indignas de exercer ações ministeriais, assim como aqueles que estivessem unidos a elas. Afirmavam que a igreja verdadeira é uma igreja pura e acreditavam serem os únicos fiéis e somente seus batismos, serviços de comunhão e ordenações seriam válidos. Contrariando essa concepção, Agostinho argumentou que os donatistas estavam a destruir a unidade da igreja caindo no pecado do cisma, já que a igreja jamais poderia ser santa em si mesma, por representar “um corpo onde o trigo e o joio sempre estarão misturados até o juízo final” (McDERMOTT, 2013, p. 54).
Um ministro ou sacerdote de Cristo que tenha pecado ainda pode ligar o pecador a Cristo (pela obra do Espírito Santo, por meio da ministração dos sacramentos), uma vez que o verdadeiro ministro no sacramento é o próprio Cristo, e não o ministro humano. A igreja não é um grupo de pessoas perfeitas, e sim uma comunidade de pecadores enfermos numa longa etapa de convalescença que só terminará no dia da ressurreição. (McDERMOTT, 2013, p. 55).
Nesse sentido, não importaria a condição do oficiante dos sacramentos, haja vista que estes (o batismo e a eucaristia) transmitem a graça de Deus em virtude do próprio ato, em si, independentemente da condição moral e espiritual do homem que os ministra. Dessa forma, para Agostinho, mesmo que o sacramento seja administrado de forma irregular, em termos técnicos, ele será válido (MATOS, 2008).
PELAGIANISMO
O Pelagianismo foi uma doutrina criada por Pelágio, monge britânico que nasceu em meados do século IV e, em suas viagens a Roma e o norte da África, por volta de 405, foi até a Palestina, quando escreveu dois livros sobre o pecado, o livre-arbítrio e a graça: Da natureza e Do livre-arbítrio. Pelágio foi criticado por Agostinho e por Jerônimo, mas foi condenado como herege pelo bispo de Roma (em 417-418) e pelo Concílio de Éfeso (431). Pelágio era um cristão moralista e formulou três principais heresias, as quais giravam em torno da: 1) negação do pecado original no sentido de culpa herdada: as pessoas pecam porque nascem num mundo corrompido e são influenciadas por maus exemplos dos demais, mas não possuem tendência natural para pecar; 2) negação da graça sobrenatural de Deus como essencial para a salvação: os cristãos precisam somente da iluminação dada pela Palavra de Deus e pela própria consciência; 3) é possível viver uma vida sem pecado mediante o uso correto do livre-arbítrio: o ser humano se encontra na situação de Adão antes da queda e pode optar por viver em perfeita obediência à lei de Deus (MATOS, 2008).
Pelágio considerava que a imoralidade sexual entre os cristãos não condizia com o cristianismo e que a salvação dependia de uma entrega a um discipulado rigoroso. A graça seria o livre-arbítrio e a salvação era a recompensa para quem usava essa liberdade de modo a comprovar que era seguidor de Jesus. A tendência maligna não era inerente ao ser humano, pois, assim, Deus seria o autor do mal; ou seja, todos nasciam inocentes, tal como Adão e Eva antes de caírem em pecado (McDERMOTT, 2013).
Contra essas ideias, Agostinho reagiu desenvolvendo uma soteriologia que partia de “duas convicções centrais: a total corrupção dos seres humanos após a queda e a absoluta soberania de Deus” (MATOS, 2008, p. 86).
Nessa percepção, todos os seres humanos nasceriam culpados e corrompidos devido ao pecado de Adão e da natureza pecaminosa dele herdada, sendo essa situação possível de ser desfeita pelo batismo, pelo arrependimento e pela graça sacramental. Sem a graça de Deus não é possível viver uma vida cristã virtuosa, pois por causa da corrupção herdada, o ser humano não é livre para não pecar. Dessa maneira, se Deus não conceder o dom da fé, os seres humanos sequer se voltariam para Ele. “Se fosse possível alcançar a retidão somente pela natureza e pelo livre-arbítrio, sem a graça sobrenatural, Cristo teria morrido em vão” (MATOS, 2008, p. 87).
Outro ponto debatido por Agostinho contra o pelagianismo foi a predestinação ou soberania de Deus sobre tudo o que acontece. Para ele, Deus escolhe alguns para receberem a dádiva da fé, elegendo-os para Sua graça irresistível. A graça opera em nós antes mesmo da conversão e, após aceita, coopera conosco para fazermos o bem. Essa graça é irresistível porque, como pecadores, se pudéssemos, a resistiríamos. Se formos salvos, todo o mérito e glória pertencem a Deus e não a nós mesmos. Essa doutrina da predestinação induz a que todos que recebem essa graça irresistível serão salvos, enquanto os demais serão condenados. Nesse ponto, quase todos os teólogos medievais se afastaram dos ensinamentos de Agostinho (GONZÁLES, 2005).
Apesar de defender a salvação pela graça, Agostinho sustentava igualmente que “[…] a salvação exigia os méritos das boas obras – apesar de que essas boas obras pudessem levar a cabo somente mediante a operação e cooperação da graça divina” (GONZÁLES, 2005, p. 29).
PAGANISMO
Conforme Gonzáles (2005), após a tomada de Roma pelos visigodos, no ano de 410, Agostinho desenvolveu sua última grande controvérsia, dirigida aos pagãos.
Nesse tempo, pagãos argumentaram que a queda de Roma deveu-se ao fato dela ter abandonado os deuses que a fizeram grande, e culpavam portanto os cristãos por esta queda. Diante destas opiniões, Agostinho escreveu A cidade de Deus, uma obra que repassa toda a história da humanidade, tal como se conhecia naquela época, tratando de mostrar que era outra a razão pela qual Roma tinha caído. (GONZALES, 2005, p. 30).
A obra A cidade de Deus trouxe uma síntese do pensamento cristão, onde Agostinho apresentou uma apologia contra alegações de que o cristianismo havia sido responsável pelo saque de Roma pelos visigodos. Também interpretou a história romana e cristã mediante uma visão teológica e escatológica que perpassava por dois destinos terrenais de duas cidades criadas por amores conflitantes, o amor de Deus e o amor por si mesmo (MATOS, 2008).
Para Agostinho, essas duas grandes cidades se conflitam. A cidade terrena que tem por base o amor às criaturas, expressa as ordens políticas que existem na história e que estão fadadas a desaparecer. Já a cidade de Deus, fundada sobre o amor de Deus, é representada no mundo pela igreja, e esta permanece para sempre (GONZALES, 2005).
OBRAS/ESCRITOS DE AGOSTINHO
As obras de Agostinho são divididas por Elwell (1988. p. 33), em períodos, sendo as principais as seguintes:
Primeiro Período (386-96). Subdivide-se em duas categorias. A primeira consiste em diálogos filosóficos: Contra os Acadêmicos (386), A Vida Feliz (386), Da Ordem (386), Da Imortalidade da Alma e Da Gramática (387), Da Grandeza da Alma (387-88), Da Música (389-91), Do Professor (389), e Do Livre Arbítrio (FW, 388-95). A segunda consiste em obras contra os maniqueus: Da Moral da Igreja Católica (MCC) e da Moral dos Maniqueus (388), Das Duas almas (TS, 391), e Controvérsia Contra Fortunato, o Maniqueu (392). Também constam dessa categoria obras teológicas e exegéticas, tais como: Contra a Epístola de Maniqueu (397), Questões Diversas (389-96), Da Utilidade de Crer (391), Da Fé e do Símbolo (393) e algumas Cartas (L) e Sermões.
Segundo Período (396-411). Contém escritos anti-maniqueístas posteriores, dentre eles: Contra a Epístola de Maniqueu (397), Contra Fausto, o Maniqueu (AFM, 398), e Da Natureza do Bem (399). Também contempla escritos eclesiásticos, como: Do Batismo (400), Contra a Epístola de Petiliano (401) e Da Unidade da Igreja (405). E escritos teológicos e exegéticos: Confissões (C, 398-99), Da Trindade (T, 400-416), De Gênesis Segundo o Sentido Literal (400-415), Da Doutrina Cristã I-III (CD, 387), além de Cartas, Sermões e Discursos sobre Salmos.
Terceiro Período (411-30). Escritos principalmente anti-pelagianos: Dos Méritos e da Remissão dos Pecados (MRS, 411-12), Do Espírito e da Letra (SL, 412), Da Natureza e da Graça (415), Da Correção dos Donatistas (417), Da Graça de Cristo e Do Pecado Original (418), Do Casamento e Da Concupiscência (419-420), Da Alma e Sua Origem (SO, 419), O Enquirídio (E, 421), e Contra Juliano (dois livros, 421 e 429-30), Da Graça e do Livre Arbítrio (GFW, 426), Da Repreensão e da Graça (426), Da Predestinação dos Santos (428-29), e Da Dádiva da Perseverança (428-29). As últimas obras desse período são teológicas e exegéticas: A Cidade de Deus (CG, 413-26), Da Doutrina Cristã (CD, livro IV, 426), Retratações (426-27), Cartas, Sermões e Discursos Sobre Salmos.
Gonzáles (2005), destaca as seguintes obras de Agostinho traduzidas para o português: A Verdadeira Religião (2002), Solilóquios e Vida Feliz (1998), Comentário aos Salmos (1998), O Livre Arbítrio (1997), Confissões (1997), A Doutrina Cristã (2002) e A Graça I e II (2000).
TEOLOGIA AGOSTINIANA
Por demonstrar grande influência em suas obras teológicas e exegéticas, Agostinho é considerado como o “Doutor da Graça”, a consciência da ortodoxia de seu tempo, tendo deixado uma herança teológica da era Patrística que influenciou toda a teologia posterior, até os dias atuais (HAMMAN, 1995).
A influência de Agostinho foi muito grande, não somente no que se refere à teoria do conhecimento, mas também em todo o campo da teologia e da filosofia. Foi principalmente por meio de Agostinho que a Idade Média conheceu a antiguidade cristã. Ele foi inovador no seu tempo. Poucos anos depois de sua morte houve quem atacou as suas doutrinas […]. E por fim, os medievais pensaram que Agostinho era o mais fiel expoente do cristianismo antigo. Hoje sabemos que a interpretação neoplatônica do cristianismo que ele propõe era uma inovação – uma inovação talvez para seu tempo, mas certamente não era o único modo como os cristãos haviam pensado sobre tais assuntos. […] é justo dizer que, com exceção do apóstolo Paulo, nenhum outro escritor cristão tenha sido tão lido e discutido mais do que Agostinho. (GONZÁLES, 2005, p. 31).
Alguns aspectos da teologia agostiniana são de particular interesse. Conforme expõe Elwell (1988), a teologia de Agostinho versava em torno de Deus, da criação, do pecado, do homem, de Cristo, da salvação e da ética. Segundo este autor, Agostinho cria que Deus possuía auto-existência, absoluta imutabilidade, singeleza, sendo triuno em uma única essência; é onipresente, onipotente, imaterial, eterno; não está dentro do tempo mas é o criador do tempo. Quanto à criação, esta não é eterna, surgiu do nada, e os dias de Gênesis podem ser longos períodos de tempo. Cada alma é gerada pelos pais. A Bíblia é divina, infalível, inerrante, tendo autoridade suprema sobre todos os demais escritos; não se contradiz. Qualquer erro advém das cópias, não dos manuscritos originais. Os livros apócrifos são também inspirados porque fazem parte da LXX, embora os judeus não os reconheçam.
O pecado se origina no livre arbítrio, um bem criado do qual deriva a capacidade de praticar o mal. Com a queda o homem perdeu a capacidade de praticar o bem sem a graça de Deus. O homem, criado por Deus sem pecado, deriva de Adão, o qual, tendo pecado, trouxe sobre a raça humana a herança do pecado. O homem é uma dualidade de corpo e alma, sendo a alma superior e melhor que o corpo.
Cristo é o Filho de Deus feito plenamente humano, porém sem pecado, mas também Deus, da mesma essência do Pai. Embora uma só pessoa, as duas naturezas (carnal e divina) estão distintas entre si, já que a natureza divina não se tornou humana na encarnação. A salvação é o eterno decreto de Deus. A predestinação é a presciência de Deus sobre a livre escolha feita pelo homem para os que são salvos e os que são perdidos. A salvação é operada pela morte de Cristo e recebida pela fé. As crianças são regeneradas pelo batismo à parte da fé.
A ética divina é representada pelo amor, que é a lei suprema. Todas as virtudes são definidas em termos de amor. A mentira sempre é errada e somente Deus é quem determina a dimensão dos pecados e dos mandamentos morais (ELWEL, 1998).
De modo geral, a teologia agostiniana buscou conhecer a Deus e a alma. Ele mesmo escreveu: “Desejo conhecer Deus e a alma. Nada mais? Nada mais” (CHAMPLIN, 1995, p. 78).
Na busca de conhecer mais profundamente a Deus, Agostinho esforçou-se por compreender e desvendar os mistérios da Santíssima Trindade. Em sua obra “Sobre a Trindade”, expõe muitas de suas reflexões, importantes para a compreensão de Deus como o Pai, o Filho e o Espírito Santo em uma unidade. Kelly (1994), explica que, durante toda a sua vida, Agostinho meditou nessa questão, indagando e defendendo-a, aceitando que Deus é, ao mesmo tempo, o Pai, Filho e Espírito Santo, porém distintos e coessenciais, embora um em substância.
Embora sua apresentação da ortodoxia trinitária seja totalmente bíblica, seu conceito de Deus como ser absoluto, simples e indivisível, que transcende as categorias, constitui o contexto onipresente de seu pensamento. […] A unidade da Trindade é, desse modo, estabelecida de maneira ostensiva em primeiro plano, excluindo-se rigorosamente todo tipo de subordinacionismo. Tudo o que se afirma a respeito de Deus é proclamado igualmente com relação a cada uma das três pessoas. […] “não só o Pai não é maior do que o Filho com respeito à divindade, mas também Pai e Filho juntos não são maiores do que o Espírito Santo, e nenhuma pessoa isolada dentre os três é menor do que a própria Trindade”. (KELLY, 1994, p. 205).
Nessa perspectiva, as três pessoas se distinguem dentro da Divindade por Suas relações mútuas. “Embora elas sejam idênticas no que diz respeito à substância divina, o Pai distingue-se como Pai porque Ele gera o Filho, e o Filho distingue-se como Filho porque é gerado. Da mesma maneira, o Espírito diferencia-se do Pai e do Filho na medida em que é ‘outorgado’ por Eles” (KELLY, 1994, p. 207).
O Pai, o Filho e o Espírito Santo são, cada um deles, Deus. E os três são um só Deus. Para si próprio, cada um deles é substância completa e, os três juntos, uma só substância. O Pai não é o Filho, nem o Espírito Santo. O Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo. E o Espírito Santo não é o Pai nem o Filho. Os três possuem a mesma eternidade, a mesma imutabilidade, a mesma majestade, o mesmo poder. (AQUINO, 2008, p. 23).
Agostinho apresentou a Trindade como sendo três pessoas distintas unidas em uma relação real e eterna, mas não conseguiu explicar muito bem a processão do Espírito ou em que ela diferia da geração do Filho, afirmando que “o Espírito Santo não é o Espírito de um dEles, mas de ambos”, ou seja, provém de uma relação inseparável. Assim declarou: “O Filho vem do Pai, o Espírito também vem do Pai. Mas o primeiro é gerado, o último procede. De sorte que o primeiro é Filho do Pai, de quem é gerado, mas o último é o Espírito de ambos, visto que procede de ambos […]” (KELLY, 1994, p. 208).
A contribuição agostiniana mais original à teologia trinitária, segundo Kelly (1994), foram as analogias baseadas na estrutura da alma humana. Para Agostinho, existem vestígios da Trindade em todas as criaturas, pois elas somente existem por participarem das ideias de Deus, refletindo, dessa forma, a Trindade criadora. Ao afirmar, nas Escrituras: “Façamos o homem à nossa imagem […]”, revela-se três elementos distintos e, ao mesmo tempo, intimamente ligados e unidos entre si. A análise da ideia do amor também expressa uma analogia trinitária que fascinou Agostinho durante toda a sua vida, rumo à compreensão da Trindade.
ENSINAMENTOS AGOSTINIANOS
Os ensinamentos de Agostinho abrangem praticamente todos os aspectos da vida, com conselhos práticos, éticos, espirituais e morais, visando o crescimento do homem em sua plenitude. Alguns desses ensinamentos são destacados a seguir por Aquino (2008).
– Ainda não alcançamos a Deus, mas temos o próximo perto de nós. Suporta aquele com o qual andas e alcançarás Aquele junto do qual queres permanecer eternamente.
– Deus é tudo para ti. Quando tens fome, é pão; quando tens sede, é água; quando estás no escuro, é luz.
– Aquele que veio ao mundo na humildade tornará a vir na glória. Aquele que veio para ser julgado voltará como juiz. Reconhece-o em sua humildade para que não tenhas de temê-lo em sua glória. Busca-o sem cessar em sua humildade para que o deseje em sua glória. Virá propício aos que lhe desejam.
– Deus precisou de apenas uma palavra para criar-nos, mas de seu sangue para redimir-nos. Se às vezes te sentes frustrado por tuas misérias, recorda quanto custaste.
– Quem ama a Deus nunca envelhece. Leva em si Aquele que é mais jovem que todos os outros.
– Se Ele nos fosse compreensível, não seria Deus.
– Deus te oferece seus dons. Unicamente pede que estendas tuas mãos para recebê-los. Como podes receber o que te oferece se tens a mão ocupada e não queres soltar o que estás segurando?
– O amor é como a mão da alma. Enquanto segura uma coisa não pode pegar outra. Por isso, quem ama o mundo não pode amar a Deus. Está com a mão ocupada.
– É mais importante falar com Deus do que falar de Deus.
– Se queres que Deus te ouça, ouve-O tu primeiro.
– A Igreja é o mundo reconciliado.
– A Igreja avança em sua peregrinação através das perseguições do mundo e das consolações de Deus.
– O pecado é uma palavra, um ato ou um desejo contrários à lei eterna.
– Ser fiel no mínimo é algo de grande. Queres ser grande? Começa com o mínimo.
– No essencial, a unidade; na dúvida, a liberdade; em tudo, a caridade.
– Nossa perfeição consiste em saber que não somos perfeitos.
– Aceita tua imperfeição. É o primeiro passo para alcançares tua perfeição.
– Ama aquele que habita em ti desde o batismo. Porque, habitando mais perfeitamente em ti, te fará cada dia mais perfeito.
– Um começo sem a devida planificação leva necessariamente ao fracasso.
– Não basta fazer coisas boas. É preciso fazê-las bem.
– As boas obras não se definem pela quantidade, mas pela qualidade. Não por seu peso, mas por sua delicadeza. Não por si mesmas, mas por suas motivações.
– Quem são os verdadeiros pobres de espírito? Os que, quando fazem alguma boa obra, dão graças a Deus, e quando agem mal, assumem a responsabilidade.
– O nome de cristão traz em si a conotação de justiça, bondade, integridade, paciência, castidade, prudência, amabilidade, inocência e piedade. Como podes explicar a apropriação de tal nome se tua conduta mostra tão poucas dessas muitas virtudes?
– Tu, Senhor, permanece junto à obra que um dia começaste. Completa também a minha imperfeição.
– Eu não seria nada, meu Deus, absolutamente nada, se não estivesses em mim.
– Não é o nome que faz a dignidade do cristão.
– De nada adianta ter o título de cristão se não o provarmos pelas obras.
– Quando te afastas do fogo, o fogo continua aquecendo, mas tu esfrias. Quando te afastas da luz, a luz continua brilhando, mas as sombras te envolvem. O mesmo acontece quando te afastas de Deus.
– Quando um homem começa a renovar-se espiritualmente começa também a ser vítima das más línguas de seus difamadores. Quem não sofreu esta prova não começou ainda a progredir. E quem não está disposto a sofrê-la, é porque não está decidido a converter-se.
– Ou destróis o pecado que há em ti ou ele te destruirá.
– Se o homem não se assemelha a Deus, será semelhante ao demônio.
– Não culpes o demônio por tudo que vai mal. Muitas vezes, o homem é seu próprio demônio.
– A justiça e a paz são amigas, elas se mantém intimamente unidas.
– Devemos amar o nosso próximo, ou porque ele é bom, ou para que ele se torne bom.
– O maior castigo do homem é não amar a Deus.
– Para quem ama a Jesus, a própria dor consola.
– Entrega-te a Deus, não temas, porque, se Ele te coloca na luta, certamente não te deixará sozinho para que caias.
– Ele, nossa vida, desceu até nós, suportou a nossa morte e a destruiu com a superabundância da sua vida.
– Até os nossos pecados cooperam para o nosso bem.
– A cruz é uma escola.
– Que cada um aprenda humildemente de outra pessoa o que deve aprender. E o que ensina, a outros, que comunique a seus discípulos o que recebeu, sem orgulho nem inveja.
– A melhor forma de ensinar é aquela pela qual quem escuta não só ouve a verdade, mas a entende.
– Não há lição mais desleal do que falar bem e viver mal.
– É melhor ser vítima de injustiça do que causá-la aos outros.
– Se alguém julga ter entendido as Escrituras divinas ou parte delas, mas se com esse entendimento não edifica a dupla caridade – a de Deus e a do próximo – é preciso reconhecer que nada entendeu.
– Antes de toda e qualquer coisa, é preciso converter-se pelo temor de Deus para conhecer-lhe a vontade, para saber o que ele vos ordena buscar ou rejeitar.
– Sem a oração não se pode conservar a vida da alma.
– Adão caiu porque não se recomendou a Deus na hora da tentação.
– Deus manda-nos algumas coisas superiores às nossas forças para que saibamos o que lhe devemos pedir.
– A lei foi dada para que se procure a graça. A graça é dada para que se cumpra a lei.
– Pela oração afugentamos todos os males.
– Se Vós, ao cabo de vossas obras excelentes … repousastes no sétimo dia, foi para nos dizer de antemão, pela voz do vosso livro que, ao cabo das nossas obras, também nós, no sábado da vida eterna, em Vós repousaremos.
– O homem é um mendigo de Deus.
– Não podem os homens fazer bem algum, quer por pensamentos, quer por palavras ou obras, sem a graça.
– Eis a grande ciência do cristão: conhecer que nada e nada pode!
– A oração é uma chave que nos abre as portas do céu.
– Deus escreveu nas tábuas da lei aquilo que os homens não conseguiam ler em seus corações.
– Só cumpre a Lei aquele que recebeu o dom do Espírito Santo.
– Cristo veio principalmente a fim de que o homem soubesse o quanto Deus o ama.
– Também a mim me desagrada quase sempre o meu sermão […] entristeço-me de que minha língua não baste ao meu coração.
– Os homens saem para fazer turismo, para admirar o pico das montanhas, o barulho das ondas dos mares, o fácil e copioso curso dos rios, as revoluções e giros dos astros. Entretanto não olham para si mesmos.
– A ignorância mais refinada é a ignorância da própria ignorância.
– Quanto menos atenção o homem presta aos seus próprios pecados, tanto mais curioso ele se torna em relação aos alheios. Não podendo desculpar-se a si mesmo, trata de salvar a pele acusando os outros.
– Nem sempre o que é indulgente conosco é nosso amigo, nem o que nos castiga, nosso inimigo. São melhores as feridas causadas por um amigo que os falsos beijos de um inimigo. É melhor andar com severidade a enganar com suavidade.
– Dize-me quais são teus amigos e dir-te-ei quem és. Todo homem se une com sua própria imagem, e se aparta dos que não se lhe assemelham.
– O trabalho de amor não cansa nunca.
– O amor não se gasta como o dinheiro. O dinheiro se esgota quando é usado, enquanto o amor cresce com o uso.
– Ao louvar o que é bom nos demais, fazemo-nos melhores a nós mesmos.
– O primeiro passo na busca da verdade é a humildade. O segundo, a humildade. O terceiro, a humildade. E o último, a humildade.
– Se és capaz de aceitar o louvor sem vaidade, o serás também de aceitar a correção sem ofender-te.
– Não há lugar para a sabedoria onde não há paciência.
– Enquanto formos homens não poderemos evitar as quedas.
– Se não podes fazer todo o bem que queres, isso não é motivo para que te negues a fazer tudo o que podes.
– Se és ouro, a tribulação te purifica de tua escória. Se és palha, a tribulação te reduz a cinzas.
– Todo aquele que, ocupando uma posição de autoridade, aproveita para divertir-se, para aumentar seu patrimônio, ou para conseguir lucros pessoais, não é um servidor dos demais, mas um escravo de si mesmo.
– Ao atuar como juiz, cumpre a função de pai. Irrita-se com a malícia e a perversidade, mas não te esqueças do homem nem te deixes levar por desejos de vingança. Pelo contrário, empenha-te em curar as feridas do réu.
– Eis aqui uma lista das obrigações do bom superior: repreender os inquietos, confortar os pusilânimes, defender os fracos, dobrar os teimosos, estar alerta contra os intrigantes, ensinar os incultos, motivar os indolentes, baixar a crista dos arrogantes, pacificar os briguentos, ajudar os pobres, libertar os oprimidos, animar os bons, suportar os maus e amar a todos.
– Não evangelizes para viver. Viva para evangelizar.
– Da mesma forma que escolhes com cuidado o que comes, deves selecionar cuidadosamente o que dizes. O que dizes é o alimento de quem te ouve.
– Fomos chamados por Deus para ser santos. Somos santos por ter sido chamados por Deus.
– Louva e bendiz ao Senhor todos e em cada um de teus dias para que quando venha esse dia sem fim possas passar de um louvor a outro sem esforço.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Agostinho foi considerado um dos homens mais importantes da era Patrística, tendo influenciado a Igreja cristã, tanto católica como protestante, até os dias atuais. Suas obras filosóficas, teológicas e exegéticas influíram de forma decisiva no desenvolvimento cultural do mundo ocidental, sendo chamado de “doutor da Graça” pois, como expõe Aquino (2008, p. 16), “como ninguém soube compreender os seus efeitos”.
Sua inclusão entre os grandes teólogos da era Patrística se deve ao seu árduo trabalho em interpretar as Escrituras, argumentar em favor de Deus e promover o cristianismo. Contudo, embora tenha sido um grande conhecedor das Escrituras, muitas de suas conclusões sobre determinadas questões doutrinárias foram consideradas errôneas ao longo do tempo.
Apesar disso, seu exemplo e estudo pode ser considerado de grande valia para a teologia atual. Especialmente porque a teologia é produto de estudos zelosos e meticulosos que foram empreendidos por homens dedicados ao estudo da Palavra de Deus, ao longo da história, tendo na figura de Agostinho um representante digno da teologia cristã dos primeiros séculos, cujas obras serviram para enriquecer a história cristã e a doutrina ensinada pela Igreja no decorrer da era Patrística.
Conquanto tenhamos que analisar seus estudos à luz da Palavra de Deus buscando a verdadeira doutrina ensinada por Cristo, sem afastar-nos dos ensinamentos de Cristo, muitos dos ensinos agostinianos orientam para a salvação e a Graça, firmados na fé em Deus e em Sua Palavra. Assim sendo, a teologia de Agostinho possibilita ao estudioso da história cristã as bases para a compreensão de muitos aspectos que nortearam a igreja nos seus primórdios.
REFERÊNCIAS
AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de. Na escola dos santos doutores. 6. ed. Lorena: Cléofas, 2008.
CHAMPLIN, Russel Norman; BENTES, João Marques. Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia. v. 1, A-C. 3. ed. São Paulo: Candeia, 1995.
ELWELL, Walter A. Enciclopédia histórico-teológica da igreja cristã. v. I, A-D. Trad. Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova, 1988.
GONZÁLES, Justo L. (ed.). Dicionário ilustrado dos intérpretes da fé. Trad. Reginaldo Gomes de Araújo. Santo André-SP: Academia Cristã Ltda, 2005.
HAMMAN, Adalbert-G. Para ler os padres da igreja. Trad. Benôni Lemos. São Paulo: Paulus, 1995.
KELLY, John N. D. Patrística: origem e desenvolvimento das doutrinas centrais da fé cristã. Trad. Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 1994.
MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da teologia histórica. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.
McDERMOTT, Gerald R. Grandes teólogos: uma síntese do pensamento teológico em 21 séculos de igreja. Trad. A. G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2013.
[1] Pós-doutor em Teologia Sistemática pela FAJE – Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte (2014). Doutor em Filosofia e Teologia pela SATS – South African Theological Seminary (2011). Doutor em Ciências da Religião pela AIU – Atlantic International University
Compartilhado por JUAREZ ANTUNES NOGUEIRA JUNIOR
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