A IMPORTÂNCIA DOS CONCÍLIOS NA HISTÓRIA DA IGREJA
No início, os Concílios tinham mais um caráter sinodal, pois eram convocados por um bispo e não contavam com representantes de todas as igrejas, não sendo, portanto, universal[Nota 577] e também não possuíam uma autoridade central que presidisse as sessões.[Nota 578] Posteriormente, os concílios ganhariam maior expressão e representatividade, como o de Niceia, por exemplo, que contou com a participação de bispos de diversas partes do Império Romano[Nota 579] e foi convocado pelo próprio imperador.[Nota 580] Podemos dizer que os Concílios visaram a explicar da forma mais lógica possível o mistério da fé, além de preservá-la contra as heresias. Portanto, compreensões quanto à Trindade, as duas naturezas de Cristo, a Pessoa e a Obra do Espírito Santo foram cristalizadas nos concílios que pavimentaram o caminho da teologia cristã, ao passo que tentavam também responder a acalorados debates de grupos de cristãos que discordavam sobre detalhes de tais temas. Os primeiros concílios são os mais famosos da História da Igreja e também os que são aceitos por quase todas as expressões da cristandade, sendo os mesmos o Concílio de Jerusalém (49 d. C.)[Nota 581] – que, aliás, foi o único marcado pela presença dos apóstolos, conforme narrativa do capítulo quinze do livro de Atos dos Apóstolos e, por essa razão, alguns estudiosos o consideram “como o único realmente autoritário”[Nota 582] (embora, geralmente, baseando-se em determinados critérios, veremos que os primeiros Concílios reconhecidos são contados apenas a partir do Concílio de Niceia[Nota 583]) -; o Concílio de Niceia (325 d. C.)[Nota 584]; o Concílio de Constantinopla I (381 d. C.)[Nota 585]; o Concílio de Éfeso (431 d. C.)[Nota 586] e o Concílio de Calcedônia (451 d. C.).[Nota 587] Em tais Concílios a teologia cristã ganhou seus contornos e uma série de afirmações fundamentais foi sendo elaborada durante os mesmos, sempre visando preservar o mistério da fé. Os Concílios foram também instrumentos de institucionalização da igreja e o conteúdo produzido auxiliou-a a fixar determinados padrões doutrinários que garantiram aos cristãos em todas as épocas a compreensão dos elementos centrais do cristianismo. Sem os Concílios provavelmente não teríamos hoje, por exemplo, uma teologia trinitariana bem formulada, sistematizada e desenvolvida, que faz parte do núcleo central da fé cristã. Heresias como o docetismo[Nota 588], maniqueísmo[Nota 589], monarquinismo[Nota 590], donatismo[Nota 591], arianismo[Nota 592], nestorianismo[Nota 593], apolinarismo[Nota 594], macedonianismo (ou pneumatomaquismo)[Nota 595], patripassianismo[Nota 596], monofisismo[Nota 597], e o pelagianismo[Nota 598] foram combatidas e devidamente respondidas nos Concílios e a vitória destes sobre as controvérsias é considerada como um dos maiores feitos do cristianismo e uma das razões de sua não diluição na história.
Idauro Campos Jr. Desigrejados (Locais do Kindle 2874-2885). B V BOOKS. Edição do Kindle.
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